O grande vilão do envelhecimento: Síndrome da Fragilidade do Idoso

Todos nós sonhamos com qualidade de vida no envelhecimento, todos queremos o tal envelhecimento ativo. O envelhecimento é um processo muito heterogêneo, ou seja, muito individual, como se cada um envelhecesse de uma forma. Todo este processo vai depender muito dos hábitos e estilo de vida que cada um adota enquanto mais jovem.

Adotar um estilo de vida saudável, vai contribuir para que em fases mais tardias da vida ter mais reserva funcional, mais adaptação ao estresse, um sistema imunológico mais competente, mais massa muscular e um ampla capacidade de adquirir novas habilidades.

Todos estes pontos que falei acima são extremamente importantes para um envelhecimento ativo. Ter em mente que independente da idade temos capacidade de nos reinventar é o segredo da juventude. Já falei anteriormente que o cérebro tem capacidade de formar novos neurônios e incorporar novas funções do primeiro ao último dia de vida.

Existem dois pontos muito importantes para manter o organismo saudável mesmo em franco processo de envelhecimento. Um deles é oferecer nutrientes, vitaminas, minerais, proteínas e não deixar o corpo perceber escassez, pois caso contrario ele começa a fazer cortes de funções e isso diminui sinapses e circuitos neuronais, nos tornando limitados.

Outro ponto é oferecer demanda de novas atividades, habilidades e necessidades. Quando fazemos isso, ampliamos a capacidade de adaptação e iniciamos um processo de crescimento independente da nossa idade.

Caso esses aspectos não sejam observados, entramos em um processo de degeneração, de estagnação. É muito comum não haver uma preparação para o envelhecimento. Muitos idosos se aposentam e não sabem o que fazer com o tempo livre, ou pior, trabalham compulsivamente e não percebem o desgaste do corpo e quando se dão conta já apresentam uma infinidade de doenças crônico degenerativas.

A síndrome da fragilidade começou a ser estudada no início da década de 80, e é caracterizada pelo desequilíbrio entre a demanda e a reserva do organismo. Existem várias condições que podem predispor essa síndrome: alguma doença aguda, fraturas principalmente de quadril, internações, luto de pessoas próximas principalmente do cônjuge, inatividade física, solidão, dieta inadequada, múltiplas medicações, falta de apoio social ou emocional. Enfim, condições físicas, emocionais e sociais podem originar fragilidade.

Existem características marcantes na Síndrome de fragilidade como perda de massa muscular, perda de energia e perda rápida de equilíbrio ao estresse agudo.

O diagnóstico de fragilidade envolve pelo menos três das seguintes características:

  • Lentificação ou diminuição da velocidade de caminhada.
  • Diminuição de força
  • Sedentarismo
  • Muito cansaço, fadiga ou exaustão sem uma causa aparente
  • Perda involuntária de peso de 4 quilos ou 5% do peso no último ano.

A importância de reconhecer a síndrome é agir nas causas e estar atento à possíveis desfechos desastrosos em portadores da síndrome que possam vir a passar por uma internação, doença aguda, quedas, desidratação e uso de medicações.

Deve-se suspeitar da síndrome quando algum idoso próximo de você apresentar confusão mental e desatenção, incontinências, pouca sociabilidade e tendência a quedas.

Apesar da gravidade, a síndrome é muito negligenciada, até mesmo no meio médico. É comum associarem a síndrome ao envelhecimento “normal” ou achar que todos os sintomas citados acima são inevitáveis na velhice. Mas com vigilância e prática de hábitos e estilo de vida saudável podemos passar por esta fase da vida com muito vigor e dignidade, e claro, com muito amor também.

Dra. Eliza Reis CRM/PA 6505
Médica Geriatra e Medicina Funcional
Coach de Bem-Estar

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