Leite: o alimento polêmico

Nunca foi tão fácil e ao mesmo tempo tão difícil se alimentar. Digo isso pelas opções e ao mesmo tempo pelas restrições que os tempos atuais nos impõem.

Cada item alimentar tem uma verdadeira cartela de opções, para todos os gostos, situações e até mesmo filosofias que muitas vezes parecem, doutrinas.

Hoje vamos falar de um alimento que se tornou polêmico: o leite. O leite que está fortemente associado à maternidade, aconchego e força, principalmente dos ossos pela particularidade de conter muito cálcio e por nos fazer crescer.

Este alimento tão veiculado pela mídia e de até pouco tempo atrás com valor nutricional e biológico incontestável, hoje começa a ser questionado.
Estudos científicos apontam como uma das principais fontes de alergias, enxaquecas, cáries, diabetes e até mesmo, pasmem, osteoporose.

Neste momento, diante de tanta contradição não sabemos em quem acreditar. Muitas vezes, vem aquela pessoa mais velha e diz: “quando eu era criança fui criado na fazenda, tomava o leite quente, que saia direto da teta da vaca e não tinha problema nenhum de saúde”. Aquela história que sempre tomou leite e nunca adoeceu. Como explicar isso?

A questão é que os tempos mudaram e o leite também. Hoje tomamos um leite já tão modificado, que a teta da vaca virou uma fonte muito, muito distante! O que tomamos hoje é o leite do mercado que tem as seguintes características: pasteurizado, homogeneizado, centrifugado, clarificado, filtrado, bactofugado, tratado à vácuo, liofilizado, desnatado e enriquecido com lactase.

Ufaaa! Quantas características e processos industriais este alimento foi submetido. Chegamos ao ponto de ler no pacote de leite, a seguinte denominação: “composto lácteo”! É de arrepiar qualquer imaginação o que pode conter dentro dos pacotinhos.

Cada processo citado acima tem uma intenção positiva, mas…. Sabemos que com a pasteurização, várias doenças como tuberculose e brucelose foram deixadas de ser transmitidas pelo leite. Mas o fato deste alimento ser submetido a altas temperaturas faz com que suas enzimas sejam inativadas e suas proteínas como caseína e lactoalbumina sejam desnaturadas (mudem de forma) e se tornem extremamente inflamatórias, daí o potencial do leite para causar alergias e enxaquecas.

A questão é que para tornar este alimento durável e cada vez mais palatável, a indústria promove a homogeneização do leite. Um processo que evita a coagulação e formação de nata, onde as moléculas de gordura são quebradas e agregadas às proteínas do leite. Muitos consumidores não gostam do aspecto da nata e isso ocasiona perda de mercado.

A homogeneização, apesar da “boa intenção” aumenta a área de contato do ar com as moléculas de gordura e aumenta a chance de oxidação destas gorduras e como já vimos em outras ocasiões, gordura oxidada libera radicais livres no corpo, aumenta inflamação e a chance de doenças cardíacas, diabetes e outras doenças degenerativas.

Sabemos que este leite modificado que encontramos no mercado tem sua composição alterada em açucares, o que predispõem a maior índice de cáries. E hoje já está mais do que estabelecido que a saúde dos dentes e gengivas tem correlação com inflamação e doenças cardíacas. Além disso toda esta alteração, dispara insulina e aumenta a chance de diabetes.

E não para por aí, o mais chocante é que o leite possa causar osteoporose. Isso é tão chocante que dá vontade de falar e correr. Temos duas formas de explicar toda essa confusão.

A primeira é que o cálcio do leite seja rapidamente absorvido e a concentração deste elemento no sangue sofra um aumento repentino e o corpo na tentativa de normalizar os níveis, inicie imediatamente a excreção de cálcio pelos rins juntamente com a urina.

A segunda forma é que com a pasteurização do leite, como já falei acima, muitas enzimas são inativadas, entre elas a fosfatase que faz com que o cálcio seja incorporado nos ossos. Então pensamos: do que adianta ter cálcio, se ele não fica no lugar certo?

A questão é que temos que cada vez mais observar o nosso corpo e as reações dele.

Avaliar os rótulos que levamos para casa e ter bom senso, pois sabemos que um alimento tão perecível quanto o leite, que é uma secreção corporal, não é compatível com um prazo de seis meses a um ano de validade.

Mais do que decidir em tomar ou não tomar leite, acho primordial ter a certeza que aquele alimento seja realmente leite, pois frequentemente o que você julga ser leite, está muito longe de ser. É aí que começa toda a confusão.

Dar preferência para alimentos naturais e que o nosso corpo tenha a capacidade de digerir é o nosso grande desafio. Ampliar a consciência, estar atento e não se deixar levar pelas “facilidades” do mercado são atitudes indispensáveis para manter a nossa saúde. Gostou?

Dra. Eliza Reis CRM/PA 6505
Médica Geriatra e Medicina Funcional
Coach de Bem-Estar

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